CASAMENTO E RELAÇÕES DE TRABALHO
Ingredientes para uma Boa Parceria

Não faltam autores especializados em criar receitas para as coisas darem certo nas nossas relações e nossas vidas. Como se, em se tratando de gente, receitas fossem possíveis… de qualquer forma, estar atento a alguns ingredientes que vêm dando certo na receita alheia pode ajudar um bocado.

CASAMENTOS E RELAÇÕES DE TRABALHO

Se pensarmos em um “casamento de cunho profissional”, que chamamos de parceria, sociedade ou time de trabalho, quando efetivamente alianças são trocadas e votos de felicidade são definidos, podemos considerar que alguns ingredientes podem ajudar na longevidade da relação de trabalho.

Um ingrediente fundamental a ser observado é a admiração!

Num casamento, se um cônjuge não admira o outro, tem-se um terreno fértil para conflitos e desentendimentos, que podem desencadear uma separação. O mesmo ocorre nas relações de trabalho. Quando deixo de enxergar a contribuição do outro, quando não consigo identificar uma competência, habilidade, capacidade específica para realizar algo que faz a diferença, começo a ter minhas expectativas não atendidas. Posso sentir-me frustrado por não ter o apoio que gostaria e, muito comumente, posso sentir-me sobrecarregado, atribuindo os resultados e sucessos a mim, sendo o outro um parasita que se aproveita de minha produtividade.

Quando deixo de enxergar o outro e, principalmente, de reconhecer sua real contribuição, deixo de admirá-lo. Para estarmos bem numa relação de parceria, que implica na construção conjunta com esforços mútuos, preciso ver e sentir que o outro tem algo que faz a diferença e que este algo está presente nesta soma de dedicação, que visa multiplicar os resultados.

Se admiro, respeito. Se respeito, escuto, discuto e busco solução, busco consenso. Admirar não é sinônimo de acatar, mas sim, de ter motivos para construir algo junto com esta outra pessoa.

Ambos precisam se admirar para a relação dar certo. Ambos precisam ser capazes de reconhecer no outro algo que o próprio não tem e valorizar isso, inclusive para garantir que o equilíbrio de forças, de poder na relação seja equilibrado, dando voz e espaço ativo para ambos se expressarem, desafiarem e se desenvolverem.

AS ARMADILHAS MAIS FREQUENTES

Algumas armadilhas existem: posso escolher alguém que percebo como mais fraco e, portanto, que não admiro, para sentir-me mais forte, e com o tempo, sinto-me sobrecarregado e solitário, assumindo uma posição de mártir. Muitas vezes quem entra nesse padrão, além de não se fortalecer realmente, ainda enfraquece o outro tirando-lhe oportunidades de mostrar – e descobrir – que é capaz.

Por vezes não admiro pois somente tenho olhos para mim mesmo, para o que faço. Ou ainda posso ter uma agenda de poder que me impede de dividir com o outro as oportunidades que surgem.

Posso também ser mais exigente, e o outro jamais atingirá meu padrão de perfeição. Nesses casos, é muito comum que o outro se canse e entregue os pontos mesmo: “bom, se só você sabe fazer, então que faça!”.

Ainda temos outras armadilhas a observar: se tenho muita dificuldade em lidar com um padrão diferente do meu, como perceber a complementariedade entre nós? E ainda, embora difícil de admitir, sentir ciúmes ou inveja… e, desta forma, fechar qualquer possibilidade de estar bem com o outro.

Sem dúvida, o processo não é unilateral. Ambos estão enredados nesta trama em que não se enxergam e não enxergam o outro. Falta autopercepção de suas características fortes e pontos de dificuldade ou limitação e falta percepção sobre quem é este outro e que contribuição pode trazer.

Dentre todas as receitas, uma coisa é certa entre as que dão certo: tolerância e humildade são outros dois ingredientes fundamentais para garantir a admiração mútua em qualquer relação de parceria.